27 de setembro de 2012

História da "Menina UPG" e do Mano Silvestre


Gostaríamos de vos expor a história confidenciada pelo Mano Silvestre sobre infeliz aventura de uma menina UPG, a qual se desenrolou no dia 24 de Setembro de 2012. Esta história em certa medida é representativa das dificuldades e obstáculos com que as Organizações como a UPG e os seus técnicos locais se debatem com regularidade, mas acima de tudo da ausência de protecção dos e das jovens moçambicanas.

No dia acima referido o Mano Silvestre quando estava na escola, na sala do projecto UPG, deu pela falta desta menina. Perante a sua ausência começou a perguntar às amigas da "menina UPG" se sabiam o que a levou a faltar às aulas (se ela estaria doente, se tinha acontecido alguma coisa), no entanto das raparigas nenhuma conhecia a razão da ausência da sua amiga.

Posto isto, o Silvestre perguntou a uma menina (não UPG) que é vizinha da "menina UPG" sobre o seu paradeiro, ao que a pequena lhe disse ter ouvido que ela tinha ido para Maputo com uma Senhora para ir trabalhar. Logo o Silvestre pensou “em tantas coisas porque ultimamente tem acontecido casos em que jovens são traficados, partindo desta estratégia de que vai trabalhar enquanto estão pra fazer algo com ela ou mesmo negócio sexual noutros cantos principalmente na África do Sul”, e daí foi a correr até à casa da "menina UPG", verificar esta situação com a sua Tia. Esta comentou terem levado a sobrinha sem sua permissão, alegando irem pedir permissão à própria mãe para poderem levar a rapariga para Maputo.

O Silvestre começou a ir de casa em casa perguntado às pessoas da comunidade qual teria sido o destino que a Senhora tomou. Informaram-no que “aqueles que tinham levado a criança” foram para uma zona próxima do quartel depois da última aldeia de Manjangue a 10km de distância.

Com essa informação o Silvestre “pegou na Tia e em alguém de Manjanque” para encontrarem a "menina UPG", e no caso de terem de informar a polícia, essas duas pessoas seriam testemunhas. Assim que chegaram ao bairro em questão começaram a procurar e perguntar por todas as casas de forma a descobrir onde morava a Senhora que tinha levado a "menina UPG", por sorte passaram numa casa onde logo viram a menina. A Tia da menina entretanto já tinha desistida da busca encetada pelo Silvestre, pois estava a fazer-se tarde e voltou para Manjangue. Conseguiram encontrar a menina por volta das 21h, na casa da Senhora, o Silvestre teve ainda de ameaçar para que ela lhe devolvesse a menina.

Nessa noite a menina e o Silvestre ficaram nessa casa em Chókwe sendo que no dia seguinte partiram os dois de volta a Manjangue, à sua casa e à sua escola. 

24 de setembro de 2012

Mana Helena e a sua primeira semana em Moçambique


"Durante esta primeira semana, tive apenas a oportunidade de conhecer as escolas de S.V.P. e de S.L.M sem realizar qualquer actividade, apenas fui apresentada, pelo Irmão Licinio, às Irmãs que estão nos referidos projectos. As distâncias entre os três projectos são grandes e só cheguei ao C.P.R.E, no dia 19, onde desenvolvi com as crianças as actividades que me foram solcitadas, nomeadamente jogos, desenhos, canções que cantaram para mim e outras que levei para cantar com eles, bem como danças.
Os meninos vão chegando aos poucos por volta das 9h, à excepção do Armando que chegou hoje sozinho (costuma trazer o irmãozinho às costas) e bem cedo já batia à minha porta. Tenho sido acolhida por todos eles muito bem e isso deixa-me muito feliz. Apesar de alguma dificuldade de entendimento, pois não domino o changana e a maioria deles não sabe nada de português há sempre alguém que entende e ajuda. Devo referir o Santos, pois é uma criança muito voluntariosa, sempre pronto a ajudar-me e aos outros. É um menino bastante inteligente, e apenas com 11 anos, os seus desenhos destacam-se dos da maioria. Desenha com prespectiva, o que não é muito vulgar. Outros há também desenham bem. Pedi-lhes para desenharem o que lhes apetecesse e só dois ou três ficaram a olhar para a folha até que eu desenhasse algo para eles repetirem. Houve um “patriota” que ocupou uma folha A4, só com a bandeira de Moçambique. De uma maneira geral estou surpreendida, pela positiva, com estas crianças, que merecem muito mais do que aquilo que lhes podemos oferecer.
Tenho reunidos 60 desenhos realizados por eles, em folhas brancas que trouxe e que vou distribuindo por cada um, pois as que têm são de papel pardo, o que não permite que o resultado final seja tão bonito.
Estas crianças desejam quem lhes dê atenção e aprender coisas novas.Têm uma curiosidade imensa que deve ser aproveitada o mais possível. Farei tudo enquanto aqui estiver para cumprir esse objectivo.
Este grupo de meninos é muito heterogénio, as idades variam, talvez,entre os 2 e os 12 ou 13 anos, o que exige uma maior disponibilidade e atenção. Fiz a experiência de colocar todos a desenhar desde os mais pequeninos aos mais velhos e foi um sucesso, até o Pedro (Pedô) que tem 2 ou 3 anos fez o seu desenho de “pontos e linhas emaranhados”
Para terminar, esta narrativa tenho que contar, que quando me apercebi, as meninas tinham usado os marcadores para pintar os lábios e os olhos e alguns rapazes também pintaram os lábios o que valeu foi que eu tinha toalhetes húmidos e limpei-os. Proibi-os de voltarem a fazer o mesmo disparate mas devo confessar que me diverti ao ver a cara deles.
Em relação à costura tenho tentado mas as meninas mais velhas não têm aparecido.
Por último, devo dizer que o acolhimento por parte do Irmão Licínio tem sido muito bom e tenho aprendido com ele muito sobre esta realidade e esta cultura tão diferente da nossa."

Mana Helena




21 de setembro de 2012

Mana Caetana e Madalena


Passado um mês em Moçambique...

"Hoje faz um mês que saímos de casa. Quando, dia 22 de Agosto, chegamos a Maputo podemos confessar que nos sentíamos perdidas, não sabíamos o que sentir, o que fazer, nem como o fazer. Mas dia 23, quando chegámos à nossa nova casa, em Chongoene, as coisas mudaram. Nunca no sentimos tão bem recebidas e acarinhadas; as pessoas são maravilhosas, estão sempre de braços abertos e com um sorriso na cara, apesar do tão pouco que têm. É impressionante como no nosso dia-a-dia em Portugal damos tão pouco valor a certas coisas, as quais significariam a vida para estas pessoas. 
A nossa rotina mudou drasticamente: passamos de acordar às 11h para acordar às 6h, de comer um bife para comer mandioca, de aprender para ensinar, de viver dependentes de certas pessoas e de certas coisas (telemóvel e computador) para viver para nós e para estas pessoas. Deixámos de estar à espera que haja pessoas que façam as coisas por nós, ninguém nos acorda, ninguém nos faz comida, ninguém nos arruma a casa, ninguém nos lava a roupa, ninguém faz as compras do mês… Passámos de vestidos e calças de ganga, para calças largas e camisolas de “homem”, do conforto de ver televisão sentadas num sofá para conversas sentadas à mesa, de uma banheira só para nós para um chuveiro de três fios de água.
Todos os dias nos levantamos às 6h, damos uma aula às 7h debaixo de uma Amendoeira – a 4 minutos de casa – a 23 crianças cujo nível de ensino é inexplicável. A cumplicidade com estes miúdos tem crescido a cada dia e é incrível o amor que passou a existir por eles em tão pouco tempo. O facto de termos dois alunos à porta de casa de manhã à nossa espera, de chegarmos à aula e todos correrem na nossa direção, ou simplesmente o facto de passarem a ser assíduos e pontuais mostra o significado que já temos para eles.
Aqui na missão de Chongoene também começámos a organizar a biblioteca, para que possa ser mais utilizada. Ajudamos por vezes a professora Alda e a professora Beatriz – da Escolinha de Sta. Catarina – a fazer com que as suas aulas sejam mais produtivas e interessantes. O mesmo é feito, duas a três vezes por semana, com a professora Zaida, de forma a tornar as suas aulas proveitosas, tarefa complicada!
Mas a nossa vida por cá não se resume a Chongoene. Várias vezes por semana saímos daqui, com o nosso papá Langa, em direção a Nhancutse, Banhine ou Conjoene.
Todas as segunda damos uma aula às alfabetizadoras de Banhine e Conjoene (depois da Amendoeira), para que possam usar a nossa ajuda nas suas aulas. Em Nhancutse e Banhine fazemos sala de estudo com algumas crianças e realizamos visitas regulares às famílias, de modo a por em prática o projecto ‘geração de rendimentos’ – um projecto cujo objectivo é ajudar algumas famílias a encontrar rendimento suficiente para se sustentarem.
Já demos algumas formações a mamãs nas comunidades, sobre assuntos do quotidiano, que aqui são tabu e uma vez por mês ajudamos na distribuição da cesta básica às famílias pertencentes ao projecto – conjunto de alimentos essenciais fornecidos pela UPG  – em todas estas comunidades e ainda outras. 
É muito complicado expressar o que vivemos aqui, por palavras ou imagens, mas tentamos ao máximo passar a mensagem do que esta experiência tem vindo a significar para nós.
Ainda faltam 8 meses e já aprendemos tanto… Temos a certeza que quando voltarmos vamos ser pessoas mais ricas e vamos saber dar mais valor às pessoas e às coisas, porque apenas num mês a nossa visão da vida já mudou.
Claro que há pessoas que nos fazem falta mas acreditem que nunca nos sentimos tão felizes e preenchidas, e devemos isso aos nossos pais, que nos proporcionaram a melhor experiência até agora vivida."

Mana Caetana e Madalena




20 de setembro de 2012

Em Setembro/Outubro, a UPG quer que os afilhados aprendam mais!

Como Ajudar: Pode fazer o seu contributo por transferencia bancária - NIB Millennium BCP: 0033 0000 4534 0042 44705 OU NIB Montepio: 0036 0000 9910 5882 33637, depósito de cheque ou numerário, débito directo (pdf) ou com o seu cartão de crédito, via paypal ou loja facebook
Veja aqui como! 

16 de setembro de 2012

Produção Agrícola em SLM

Nunca parámos de produzir alguma coisa - neste momento estamos a fazer a colheita de beringela, batata reno e alho. As verduras que tínhamos plantado, colhemos todas na última semana do mês de Agosto de modo a reforçarmos a cesta básica das crianças, como temos feito sempre – no final de cada mês temos dado algo que se produz na machamba às crianças de modo a reforçar a cesta básica, visto que a localidade em geral está sofrendo de um grande problema de seca e estiagem, onde se torna difícil que as famílias consigam caril para a sua alimentação. 
Mesmo a sociedade em geral enfrenta grandes problemas de caril e recorrem a mercados de Chókwe onde os pequenos agricultores colocam à disposição dos consumidores a venda de verduras produzidas na base de sistema de rega, mas a um preço bem elevado, visto que ultimamente não chove.
Mano Silvestre, Técnico SLM


4 de setembro de 2012

Mana Caetana e Madalena


"No fim de semana fomos conhecer a aldeia e as pessoas. Há paisagens lindas, as pessoas são maravilhosas, sempre de sorriso na cara e prontas a ajudar. Com o decorrer da semana fomos conhecendo melhor as pessoas e os sítios e estamos ‘in love’! Já fomos a Nhancutse, Banhine e Bungane e todas as comunidades nos receberam de braços abertos, prontas para oferecer tudo o que têm e mais se pudessem, encantaram-­‐nos cada uma da sua maneira. Estamos aqui há pouco tempo mas já podemos dizer que nos sentimos em casa felizes por estarmos ajudar tanta gente que precisa."